segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um estrépito pequeno soou. Era a chuva. Os pingos leves caiam sobre a janela. Não era uma tempestade, ao contrário, tratava-se de uma chuva de verão. Minha cabeça se encostou à janela. Fechei os olhos, respirei aquele ar que parecia infiltrar-se entre as pequenas frescas do recinto. Inalava àquele cheiro de grama molhada. Apertei mais os olhos, eu desejava guardar aquele aroma natural.
Sempre quis ser como uma chuva de verão. Leve, prazerosa na vida das pessoas, uma benção. Que dá alívio em meio ao calor infernal. A única que eu não desejava ser, era passageira. E meu avô sempre dizia que eu era especial. Que apenas meu sorriso iluminava um dia nebuloso. Talvez ele tenha razão. Ou... Não.
Meus olhos abriram-se, eu fitei aquele mundo sem sentido através da janela. Não havia nada naquele lugar que eu desejasse. As pessoas não me atraiam, a pequenez daquele lugar sufocava-me. Gostava apenas quando a chuva caia. Aquilo me acalmava e eu sabia que esse era o mesmo efeito em inúmeras pessoas. Calmaria e alívio em meio há tempos torturantes é, praticamente, um dom.
Desculpa, mundo. Não sirvo para isso. Quero só minha chuva de verão, um bom livro e pessoas de verdade. Só.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A eternidade é linda. Se aquece, e se transforma nas ondas do tempo. Canta as estrelas, elas são eternas. Se resplandece o amor, é eterno. O pôr-do-sol altera-se, transforma-se em eterno. O riso indiferente, vira riso alto e lascivo, é eterno. O olhar se disfarça, transborda tudo, mil palavras e torna-se eterno.
Não uma eternidade longa, ao contrário: é algo que acontece em segundos. Porém, intensifica-se tanto que faz ecuar em nossa mente, várias e várias vezes. Algumas são tão fortes, berrantes e únicas que nunca param, se fortelecem eternas. Afinal; tudo é poesia, tudo é eterno.

Entrementes, quem decide realmente o que o tudo é, somos nós.
Eu, por exemplo, transformo minha vida em um palco. O meu drama é só um charme, a minha comédia é a minha inteligência (já que eu faço parte do povo mais feliz da terra), o meu terror é só algo insignificante, o meu suspense são as minhas lutas (que felizmente, são sempre vencidas), a minha ação são as minhas atitudes, o meu romance é a minha essência. No final resta apenas o tudo de mim que há de bom. As coisas ruins eu simplesmente não levo, ignoro.
Prefiro cantar as estrelas, ver o eterno amor resplandecer em mim, o pôr-do-sol que me faz sentir a única pessoa no mundo, o riso tão dono de si, o qual conquista-me. O olhar dele que é tão meu, e suas palavras (que não dizem nem metade que seu olhar). O abraço, mais do que terno, dos do que são do meu sangue. Estar com Deus, dizer eu te amo, não conhecer a Sua voz, mas saber que é essa Sua voz que me guia. Eu prefiro isso, a minha eternidade.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Medo. Essa palavra sórdida, e terrivelmente dona de mim (pelo menos quando se trata de amor e derivados). Mas pensando bem, talvez ele não seja. Eu, e apenas eu, permito que ele seja. É algo autómatico, quando eu menos espero... é ele. Está ali, na minha frente, separando-me de tudo que me faz feliz. E eu, sempre tão gentil, deixou-o sentar em meu sofá, e ainda ofereço-lhe um café. E ele, sempre tão convicto, joga-me à face tudo que atormenta-me, tudo que eu (tão ingênua) pensava que havia se evaporado. E depois disso? Tudo é drama, tudo é poesia, tudo é um mar de tormento. As palavras não ajudam-me mais a ficar calma, as mãos que me ajudam a viver, desaparecem.
Todavia, eu me lembro do seu jeito de olhar. Das palavras tão soltas, e sinceras que você me fala. Da certeza que você me dá, mesmo ainda restando a incerteza pela parte do medo. Do modo tão certo que você entrou em minha vida. Como é sua expressão quando está bravo, como você parece tão sereno quando está feliz. Então, eu sei, bem mais convicta que o medo, de que estamos bem. Talvez mais próximos ainda, e ao mesmo tempo tão longe. E daí? Estamos bem, melhores que nunca. Felizes apenas por poder nos falar, apenas por poder sorrir sabendo que sempre estaremos juntos. Apoiando-se um ao outro, se um caí, o outro o levanta. Estamos bem.
E o medo? Foge. Sua corrida é rápida, e agora é ele que está com medo. Entrementes, o medo com medo do medo? É confuso e estranho, admito. Todavia, é verdade. Ele sabe quando superamos, quando o deixamos jogado ao chão, como um brinquedo velho. Ele sabe que não tem mais poder. Contudo, ele vai voltar, mas não tão fortalecido como antes. Então, vamos o superar de novo. Ficamos forte, e ele fraco. Até que chegará o momento, o tão eterno momento, em que ele não irá mais aparecer. E então, estamos bem.